Estudos mostraram que exames por biópsia líquida do sangue têm 99% de precisão em detectar câncer renal
Atualmente, não existe nenhum teste de triagem que possa diagnosticar o câncer de rim precocemente, ou seja, antes que os sintomas se desenvolvam. Os pesquisadores estão tentando desenvolver exames de sangue ou urina – às vezes chamados de testes de biópsia líquida – para detectar pequenos cânceres renais. Um estudo recente descobriu que um desses testes, que analisa o DNA produzido por tumores renais, pode distinguir com cerca de 99% de precisão se amostras de sangue foram coletadas de pessoas com ou sem câncer renal. Também foi 86% preciso na detecção de câncer de rim em amostras de urina, que são mais fáceis de coletar do que amostras de sangue.
Mais pesquisas serão necessárias para confirmar essas descobertas e melhorar o desempenho do teste em amostras de urina. Os cientistas esperam que testes desse tipo possam eventualmente ser usados para rastrear pessoas com alto risco de desenvolver câncer de rim, como aquelas com certas condições hereditárias. Esses testes também podem ser usados para rastrear a resposta ao tratamento e monitorar a recorrência do câncer.
Um teste que analisa o DNA no sangue identificou com precisão dois tipos de câncer, de acordo com dois novos estudos.
O teste foi capaz de identificar o câncer de rim em seus estágios mais precoces. O mesmo teste também se mostrou promissor para diagnosticar câncer de rim usando DNA de amostras de urina.
Se os resultados forem confirmados por outros estudos, o teste – um tipo de biópsia líquida – poderá ser usado para ajudar a diagnosticar câncer de rim e câncer de cérebro sem a necessidade de biópsias de tecido invasivas, que podem ser arriscadas e caras. Esses resultados são bastante empolgantes. Eles representam as fases iniciais de uma tecnologia que pode se mostrar muito poderosa e aumentar nossa capacidade de cuidar de pacientes com câncer. Cerca de um terço dos cânceres renais é diagnosticado em estágios avançados, quando são mais difíceis de se curar. Nenhum marcador no sangue ou na urina foi aprovado até o momento pela Food and Drug Administration (FDA) americana para indicar a presença de câncer renal precoce. E a detecção precoce de câncer de rim pode reduzir as mortes pela doença. Assim, o teste pode ajudar os médicos a determinar o melhor curso de tratamento, planejar melhor a cirurgia e até mesmo eliminar a necessidade de cirurgia em alguns pacientes. O teste também pode ser útil no monitoramento não invasivo se os pacientes estão respondendo ao tratamento. Identificando impressões digitais moleculares de câncer
Por mais de 40 anos, os cientistas sabem que os tumores liberam células e moléculas no sangue e em outros fluidos corporais. Mais recentemente, pesquisadores mostraram que analisar essas células e moléculas pode revelar algumas das mesmas informações que as biópsias de tecidos fornecem.
Essas biópsias líquidas estão sob intenso estudo como forma de melhorar a detecção precoce do câncer, ajudar a orientar as decisões de tratamento, rastrear a resposta do paciente ao tratamento e monitorar se o câncer está progredindo.
Muitos testes de biópsia líquida em desenvolvimento procuram alterações genéticas específicas relacionadas ao câncer, ou mutações, em pedaços de DNA que circulam na corrente sanguínea. Por outro lado, a abordagem usada nos novos estudos perfila o padrão de metilação – marcadores químicos chamados grupos metil – no DNA no sangue ou em outros fluidos corporais. Essas etiquetas químicas, que não alteram o próprio código genético, desempenham um papel importante na ativação ou desativação dos genes.
A abordagem explora o fato de que os padrões de metilação do DNA podem ser usados para distinguir entre tecidos normais e cancerosos, bem como entre diferentes tipos de tecidos, como rim, pulmão, cérebro ou mama.
Se a quantidade de DNA tumoral no sangue for baixa, pode ser difícil detectar mutações específicas de DNA porque não há DNA suficiente. Mas, como as alterações na metilação do DNA são muito mais comuns do que as alterações no código do DNA nas células cancerígenas, as chances de se detectar câncer aumentam, mesmo para tumores que não liberam muito DNA. Detecção altamente precisa de câncer de rim
O método foi testado em amostras de 99 pessoas com câncer de rim estágio 1-4, 15 pessoas com câncer de bexiga urotelial estágio 4 e 28 pessoas sem câncer (controles saudáveis). Os investigadores descobriram então que o exame de sangue foi extremamente preciso, com uma chance geral de 99% de distinguir entre pessoas com câncer de rim, incluindo câncer de rim em estágio inicial, e indivíduos de controle. Ou seja, o teste foi muito bom em encontrar câncer de rim em amostras de pessoas que realmente tinham a doença (conhecida como sensibilidade), e quase nunca identificou câncer de rim em amostras de controles saudáveis %u200B%u200B(conhecida como especificidade). O teste também teve 98% de chance de distinguir câncer de rim de câncer de bexiga, outro tipo de tumor do sistema urinário, em amostras de sangue.
Embora tenha sido otimizado para uso com sangue, o teste também teve bom desempenho na detecção de câncer de rim em amostras de urina, com 86% de chance de identificar a doença com precisão. Portanto, o teste se torna uma grande promessa para a identificação precoce da deduzir a assinatura do câncer de rim na urina, que é uma fonte de DNA ainda menos invasiva do que o sangue.
Outra boa notícia: testes genéticos para avaliação de predisposição genética ao câncer renal
Cerca de 5% a 8% dos cânceres renais são causados por alterações genéticas hereditárias. Quatorze síndromes hereditárias diferentes aumentam o risco de câncer renal (e às vezes outros tipos de câncer). As alterações genéticas que causam essas síndromes foram identificadas, e as pessoas que têm histórico de câncer de rim em sua família agora podem passar por testes genéticos para saber se carregam alguma dessas alterações. Essas informações podem ajudar os profissionais de saúde a desenvolver um plano personalizado para se monitorar a saúde renal e detectar precocemente os tumores hereditários, além da oportunidade de um adequado aconselhamento genético.
Fonte: https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/colunistas/andre-murad/2022/03/14/noticias-saude,284313/novo-teste-sanguineo-pode-detectar-canceres-renais-em-estagio-precoce.shtml