A quimioterapia é o tratamento de doenças por meio de substâncias químicas que afetam o funcionamento celular. Popularmente, o termo refere-se à quimioterapia antineoplásica, um dos tratamentos do câncer, no qual são utilizadas medicações antineoplásicas.
Agentes quimioterápicos também podem ser utilizados para o tratamento de doenças autoimunes, como a esclerose múltipla e a artrite reumatoide, além de ser usados também para a supressão de rejeições a transplantes diversos (imunossupressão).
Os remédios utilizados recebem o nome de agentes quimioterápicos, podendo ser ingeridos ou administrados por veias, artérias e músculos do paciente.
Ao contrário da radioterapia, que tem ação restrita à região em que é aplicada, a quimioterapia atua de forma sistêmica, isso é, alcança as células do câncer (neoplásicas) em qualquer região do corpo.
Existem dezenas de agentes quimioterápicos diferentes, cada um deles com indicações específicas e efeitos colaterais próprios. Dependendo do tipo de câncer e de sua extensão no organismo, o tratamento pode ter objetivo curativo ou de controle da doença. No tratamento curativo o objetivo da quimioterapia é eliminar completamente a doença. Nos casos em que a doença não pode ser removida por completo, a quimioterapia busca diminuir a quantidade de células malignas no organismo. Determinando uma regressão do câncer ou impedindo que suas células atinjam outros órgãos, a quimioterapia é capaz de prolongar a vida do paciente, reduzindo os sintomas da doença. Esse é o tratamento de controle.
Protocolos Quimioterápicos
Protocolo de quimioterapia é o termo empregado para definir as propostas de tratamento que combinam diferentes medicamentos, com doses e datas de administração programadas.
Os protocolos apresentam resultados semelhantes, quando aplicados em diferentes centros de tratamento no mundo todo, sendo possível estimar sua eficácia terapêutica e os prováveis efeitos colaterais antes de iniciar o tratamento. Um protocolo estabelece os medicamentos a serem utilizados, determina suas doses em função do peso ou da superfície corpórea do paciente (calculada com base no peso e na altura) e propõe as datas para sua administração.
A recuperação do organismo do paciente é também estimada pelo protocolo, que prevê um período livre de tratamento antes do início de cada novo ciclo de quimioterapia.
Duração do Tratamento
O tratamento quimioterápico tem duração bastante variável. Algumas vezes segue uma programação com datas e número de ciclos preestabelecidos. Nos casos de quimioterapia adjuvante ou neoadjuvante, por exemplo, os tratamentos têm duração programada. Entretanto, na maior parte dos casos a programação é mantida em aberto: a proposta de tratamento vai sendo reavaliada após a aplicação de alguns ciclos de quimioterapia.
A manutenção ou mudança do esquema quimioterápico dependem dos resultados obtidos com o tratamento.
Efeitos Colaterais
Os efeitos colaterais variam de acordo com os medicamentos utilizados, as doses administradas e as particularidades de cada organismo. Alguns desses efeitos são bastante previsíveis, variando apenas sua intensidade de pessoa para pessoa. Outros ocorrem em consequência da sensibilidade individual, manifestando-se em um pequeno número de pacientes.
Os principais efeitos colaterais do tratamento quimioterápico são:
- Náuseas e vômitos
- É uma reação comum ao uso de alguns poucos quimioterápicos, que, na maioria dos casos, pode ser controlada com medicamentos específicos.
- A sensibilidade individual aos quimioterápicos apresenta grande variação. Durante a aplicação de um mesmo protocolo, algumas pessoas nunca sentem náusea, enquanto outras se mostram frequentemente nauseadas.
- As náuseas e os vômitos podem ocorrer tanto por irritação da superfície do estômago, como pela ação dos quimioterápicos sobre o sistema nervoso central.
- O controle da náusea é obtido pelo uso de medicamentos específicos, os antieméticos (que controlam o vômito), aplicados durante a quimioterapia e nos dias que se seguem ao tratamento.
- Náuseas e vômitos devem ser sempre relatados para que se possa determinar o ajuste das medicações a cada paciente.
Algumas dicas úteis sobre alimentação para pacientes em quimioterapia:
- Faça pequenas refeições ao longo do dia e evite beber líquido próximo às refeições, de forma a não distender o estômago;
- Evite comidas gordurosas ou frituras;
- Mastigue lentamente os alimentos e repouse em posição sentada após as refeições;
- Beba suco de frutas gelado ao longo do dia;
- Evite bebidas gasosas;
- Evite ficar exposto(a) a cheiros fortes (fumaça, perfumes, frituras etc.);
- Vista roupas folgadas, evitando comprimir o abdome;
- Queda de cabelo.
A queda de cabelo (alopecia) é o efeito colateral mais temido pelos pacientes que se preparam para iniciar o tratamento quimioterápico. Apesar de bastante comum, a queda de cabelo nem sempre ocorre: sua incidência varia de acordo com os medicamentos utilizados no tratamento.
O sintoma costuma ter início na segunda ou terceira semana do tratamento, acentuando-se a cada novo ciclo de quimioterapia. Apesar de ser mais evidente no couro cabeludo, pode também ocorrer em outras partes do corpo. A queda de cabelo ocorre por ação da quimioterapia sobre as células em divisão na raiz dos cabelos. Sua intensidade varia conforme os medicamentos empregados e a sensibilidade de cada paciente. Pode ocorrer uma queda parcial, deixando os cabelos apenas mais ralos, ou uma queda completa dos fios.
Alguns cuidados podem diminuir a agressão da quimioterapia ao couro cabeludo:
- Utilizar xampus suaves e escovas de cerdas macias
- Proteger o couro cabeludo da luz do sol
- Aplicar pouco calor quando utilizar o secador de cabelos
- É sempre importante destacar que a queda de cabelo é transitória. O cabelo volta a crescer imediatamente após o término da quimioterapia.
- Para aqueles que pretendem utilizar perucas, recomenda-se adquiri-las antes que a queda de cabelos ocorra, o que permite melhor ajuste à cor dos cabelos naturais e adaptação ao corte.
Infecções
É o efeito colateral mais temido nos pacientes em tratamento oncológico, especialmente naqueles que estejam recebendo quimioterapia. Isso se deve ao fato de que a quimioterapia diminui a imunidade e pode predispor a infecções, além de fazer com que, potencialmente, qualquer infecção seja grave. Assim, ao menor sinal de infecção, procure imediatamente um pronto-atendimento, informando a data da última aplicação de quimioterapia e o telefone de seu médico ou equipe multidisciplinar.
Ao chegar ao pronto-atendimento, o paciente irá passar pela coleta do hemograma e das chamadas hemoculturas (sangue para avaliar se há crescimento de alguma bactéria), e será ministrado nele antibióticos endovenosos, até ter o resultado dos exames. Nunca menospreze febre, ela pode indicar uma emergência.
Cansaço e Fadiga
Além da doença, o próprio tratamento e a anemia podem causar cansaço, que costuma ser cumulativo, ou seja, aumenta com o passar do tratamento. Pode também ocorrer uma confusão entre o que é realmente cansaço e quanto do sintoma poderia ser atribuído (devida ou indevidamente) à depressão. Assim, fique atento e considere a possibilidade de parte do cansaço consistir em sintomas depressivos.
Seu médico, um psicólogo ou um psiquiatra poderão ajudar a reconhecer os sintomas. O cansaço pode ser combatido pela otimização dos níveis de hemoglobina (com transfusão, em alguns casos com hormônios estimulantes da produção de sangue), com atividade física, entre outros.
Obstipação e Diarreia
A obstipação (prisão de ventre) e a diarreia podem ocorrer em consequência do tratamento ou das alterações nos hábitos alimentares e pessoais que o paciente experimenta nesse período.
Em geral, a redução da ingestão de alimentos, especialmente dos ricos em fibras, e a inatividade física são os principais responsáveis pela obstipação. Alguns pacientes apresentam prisão de ventre, porque fazem uso de outras medicações que causam o sintoma, como o uso de medicações com derivados de morfina para controle de dor.
Algumas medidas simples podem resolver o problema:
- Aumento da quantidade de alimentos ricos em fibra na dieta;
- Ingestão de um maior volume de líquidos;
- Atividade física regular;
- O uso de laxativos está reservado aos pacientes que não responderem a essas medidas simples ou aos que já vinham fazendo uso desses medicamentos, sempre com prescrição médica.
Quanto à diarreia, ela realmente pode ser consequente de algumas medicações quimioterápicas, é um evento considerado comum para vários protocolos de quimioterapia. Nesse caso é recomendável procurar seu médico e discriminar se a causa da diarreia é medicamentosa ou infecciosa. Os tratamentos são diferentes para cada um dos casos. Caso seja diagnosticado apenas a diarreia por medicação, o paciente é recomendado a tomar medicamentos que previnem o quadro e, em casos mais graves, a quimioterapia pode ser diminuída ou suspensa.
Algumas medidas simples podem diminuir a gravidade da diarreia:
- Evitar o consumo de lanches, comidas cruas, saladas e frutas de origem desconhecida ou mal lavadas – por conta da contaminação alimentar
- Mantenha sempre uma ingestão adequada de líquidos, de preferência água.
Alterações da Pele e das Unhas
Alguns agentes quimioterápicos podem causar alterações na pele, sendo as mais frequentes: coceira (prurido), vermelhidão, descamação, ressecamento e acne. Além disso, as unhas podem se tornar escuras e quebradiças.
Existem medicamentos que, quando administrados na veia, provocam o escurecimento da pele, especialmente nas áreas que recobrem as veias pelas quais esses medicamentos foram aplicados.
Todos esses efeitos costumam regredir alguns meses após o término do tratamento. A exposição à luz do sol pode potencializar os efeitos dos quimioterápicos sobre a pele. Por isso, recomenda-se, em muitos casos, o uso permanente de fotoprotetores.
Cansaço e alguma toxicidade sobre os nervos também podem levar a alterações de pele e unhas.
FONTE: Hospital Albert Einstein (www.einstein.br)